terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Lula quer que Copom baixe juros ou sinalize redução


Começa nesta terça (9) a última reunião de 2008 do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central.
Como de costume, o encontro vai durar dois dias. No final da tarde desta quarta (10) sai a decisão sobre a Selic, taxa básica de juros da economia.
Hoje, os juros estão em 13,75% ao ano. Não há coisa semelhante no mundo. Lula acha que há espaço para uma redução da taxa.
Em privado, o presidente afirma: se, por excesso de zelo, o Copom optar pela manutenção dos juros, precisa pelo menos sinalizar a tendência de queda.
Em seus comunicados oficiais, além de informar a decisão sobre os juros, o comitê do BC dá ciência ao mercado sobre a tendência futura da taxa.
A indicação vem enganchada num vocábulo maroto: "viés". Pelos critérios do Copom, a taxa de juros pode vir sem viés, com viés de alta ou com viés de baixa.
Na opinião de Lula, compartilhada pela Fazenda, não havendo uma redução imediata dos juros, pelo menos o viés teria de apontar a intenção de corte no início de 2009.
Em matéria de juros, porém, a vontade do presidente nem sempre prevalece. Embora não disponha de autonomia legal, o BC ganhou, sob Lula, independência prática.
Submetido a decisões que o contrariam, Lula esperneia. Mas vem se submetendo às avaliações da diretoria do BC.
Dessa vez, o desejo de Lula escora-se em indicadores objetivos. Argumenta-se no Planalto que a inflação é cadente. O que permitiria um refresco nos juros.
Em novembro, o índice oficial de inflação (IPCA), medido pelo IBGE, foi de exíguos 0,36%.
O IGP-DI, aferido pela Fundação Getúlio Vargas, caiu de 1,09% em outubro para 0,07% em novembro.
Meirelles e sua equipe não costumam brigar com estatísticas. Mas levam à balança, além dos índices de inflação, o comportamento do câmbio.
O avanço da cotação do dólar sobre o real, que já ocorria antes da crise global, acentuou-se a partir de outubro. Ganhou a aparência de uma maxidesvalorização que passa de 60%.
A escalada da moeda americana resulta em aumento dos preços de produtos importados consumidos pelo brasileiro. Daí, em parte, o consevadorismo em relação aos juros.
Munido de dados que recebe da Fazenda e de informações providas por economistas que elegeu como conselheiros informais, Lula relativiza o peso da subida do dólar.
Entre quatro paredes, argumenta que a perspectiva de desaceleração da economia no primeiro trimestre de 2009 tende a compensar os efeitos inflacionários do câmbio.
Agora, não resta senão aguardar pela decisão dos mandarins do Copom. Seja qual for o veredicto, ele dificilmente será unânime.

Nenhum comentário: