terça-feira, 20 de outubro de 2009

PF flagra manual para fraudar editais

PF flagra manual para fraudar editais
A Polícia Federal (PF) flagrou entre computadores apreendidos na Operação Pacenas um verdadeiro “manual” sobre como fraudar as licitações de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Considerada pela polícia como a prova cabal do inquérito, as orientações ilícitas constam em e-mail trocado entre indiciados.
O teor de um e-mail chamou a atenção em meio à perícia feita em HDs e documentos apreendidos pela PF durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão da operação Pacenas, deflagrada em agosto. O nome do autor do “manual”, contudo, não é revelado pela PF. A polícia confirma que as orientações partiram de um dos 11 presos na operação, entre servidores públicos, políticos e empreiteiros.
À época, foram presos preventivamente os empresários Anildo Lima Barros, Marcelo Avalone, Carlos Avalone Júnior, Jorge Pires de Miranda, Luiz Carlos Richter Fernandes e José Alexandre Schutze, além do então procurador-geral de Cuiabá, José Antônio Rosa, e os servidores Ana Virgínia de Carvalho, Milton Nascimento Pereira, Jaqueline Favetti e Adilson Moreira da Silva, membros das comissões de licitação de Cuiabá e Várzea Grande.
O delegado responsável pelo inquérito, Márcio Carvalho, destaca que o e-mail é o que mais chama a atenção entre as provas periciais reunidas até agora. “Não sabíamos que o esquema era tão ramificado. Esse documento, esse e-mail, continha todas as regras e passos. Um verdadeiro manual que ensinava como fraudar as licitações do PAC”, confirma o delegado.
De acordo com a PF, a previsão é que toda a análise pericial seja concluída até sexta-feira (16). O delegado destaca que computadores e documentos já averiguados pelos peritos da PF, associados ao “manual”, reforçam o inquérito policial. Quando a Pacenas foi deflagrada, em 10 de agosto, as prisões foram decretadas pela Justiça Federal com base no teor de escutas telefônicas.
“Agora, essas novas provas só confirmam aquilo que já sabíamos. É como se tudo tivesse sido amarrado no inquérito”, ressalta o delegado, em alusão às ligações telefônicas interceptadas. O teor das conversas telefônicas, grampeadas com autorização da Justiça, revelou a trama de negociações espúrias envolvendo as licitações dos sete lotes de obras do PAC de Cuiabá, além das obras em Várzea Grande.
Os diálogos, travados em 2008, selam acordos financeiros com construtoras de outros Estados do país para que não participem dos certames, cujos vencedores já eram pré-definidos com autoridades e servidores públicos, conforme apontam as investigações. Em meio aos pedidos de Habeas Corpus, a defesa de vários indiciados combateu a consistência das provas apresentadas pela Polícia Federal, alegando que trechos dos diálogos teriam sido interpretados fora do contexto real das conversas.

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