quinta-feira, 20 de maio de 2010

Governo agora atribui apagão de 2009 a ‘raios fracos’

Ficou pronto o relatório oficial sobre o apagão que desligou da tomada 18 Estados, em 10 de novembro de 2009.



Produzido pelo Cepel (Centro de Pesquisa da Eletrobras), o documento foi às mãos do ministro Márcio Zimmermann (Minas e Energia).



Em conversa com a repórter Karla Mendes, Zimmermann revelou o que diz o texto sobre a causa do blecaute.



Disse que foi identificada uma falha no projeto da subestação da cidade de Itaberá, no interior de São Paulo.



Segundo ele, a subestação não foi dotada de equipamentos capazes de proteger a linha de transmissão contra raios de pequena intensidade.



Ouça-se o ministro: "Quando era uma descarga, um raio forte, a subestação protegia...”



“...Quando eram raios pequenininhos, esses que a gente acha que não [interferem], iam direto e ninguém via...”



“...Viu-se que a blindagem da subestação de Itaberá, apesar de estar dentro das normas, era diferente das outras: Tijuco Preto, Ivaiporã e Foz [do Iguaçu]".



A nova versão injeta na crônica do apagão uma novidade. Edison Lobão, o antecessor de Zimmermann, também atribuíra a encrenca a raios e ventanias. Porém...



Porém, Lobão dissera que os raios que derrubaram a subestação de Itaberá eram fortes. Foi ecoado na época por Dilma Rousseff, ainda na chefia da Casa Civil.



Essa primeira versão contrastava com relatórios divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).



Nas pegadas do apagão, o Inpe informara: os raios de Itaberá, além de fracos, caíram longe da linha de transmissão e da subestação.



Para Zimmermann, ao atribuir o blecaute a raios mixurucas, o novo relatório acomoda um ponto final na controvérsia.



O ministro advoga a tese de que Furnas, responsável pela conservação do sistema que distribui a energia gerada em Itaipu, não deve ser punida pelo apagão.



Por quê? "Não é questão de erro. A manutenção da instalação estava em dia. O que havia era a necessidade de alteração das condições do projeto”.



É no mínimo curioso que uma subestação possa estar protegida contra raios fortes e, ao mesmo tempo, vulnerável a descargas elétricas de baixa intensidade.



Mais curioso ainda é que ninguém seja responsabilizado pela suposta “falha de projeto”.



Segundo Zimmermann, o documento do Cepel será submetido, em junho, à análise e aprovação do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico).



De antemão, o ministro avisa que vai defender que Furnas seja isentada de culpa. A prevalecer esse entendimento, o único culpado será São Pedro.

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