terça-feira, 18 de maio de 2010

Tasso: ‘70%’ dos votos de Ciro vão migrar para Serra

Cicerone da visita de José Serra ao Ceará, Tasso Jereissati fez uma constatação e uma previsão. Ambas relacionadas a Ciro Gomes.



Disse que o modo como Ciro foi excluído da disputa presidencial deixou “mágoas” no partido dele, o PSB.



Em vaticínio pendente de aferição científica, disse que pelo menos 70% dos votos que Ciro teria no Ceará vão migrar para Serra.



Amigo do ex-tucano Ciro, Tasso tenta pôr de pé uma aliança política informal com o governador cearense Cid Gomes (PSB), irmão do ex-presidenciável.



Candidato à reeleição, Cid cogita acomodar em sua chapa apenas um candidato ao Senado, o atual deputado Eunício Oliveira (PMDB).



Com isso, facilitaria a vida de Tasso, que tenta retornar ao Senado. O PT quer melar o acerto. Reivindica a segunda vaga de senador para ex-ministro José Pimentel.



Seja qual for o desfecho da negociação com o PSB de Ciro e Cid, Tasso se diz “pronto” para conduzir a campanha de Serra no Estado.



O Tasso que desfilou ao lado de Serra nesta segunda (17) era bem diferente do Tasso da sucessão presidencial de 2002.



Naquele ano, o senador tucano deu de ombros para a candidatura presidencial de Serra. Apoiou Ciro, à época um presidenciável do PPS.



No primeiro turno de 2002, Ciro arrastou os votos de 44,4% dos eleitores do Ceará. Prevaleceu sobre Lula (39,3%) e Serra (risíveis 8,5%).



No segundo round, com Ciro excluído da disputa, Lula beliscou 71,7% dos votos válidos no Ceará. Serra amealhou apenas 28%.



O prestígio de Lula entre os cearenses é, hoje, ainda maior. A popularidade do presidente no Estado roça os 80%.



Deve-se o otimismo de Tasso quanto à migração do eleitorado de Ciro ao fato de que o candidato do PT não é Lula, mas Dilma Rousseff.



E quanto ao crescimento de Dilma nas pesquisas Vox Populi e Sensus? Tasso atribui a subida à superexposição da candidata na TV.



Insinua que, a exemplo do que fez o PT, também o PSDB usará o seu programa televisivo para vitaminar a candidatura de Serra:



“Espero que o Tribunal Superior Eleitoral seja tão benevolente conosco como foi com eles”, ironizou.



Serra também foi instado pelos repórteres a comentar as últimas sondagens. Recusou-se a fazê-lo: “Todos sabem que não comento pesquisas”.



Negou-se a comentar também a notícia de que, sob mediação de Lula, o Irã assinara um acordo de troca de urânio por combustível nuclear.



Tido por circunspecto, o Serra que percorreu a região do Cariri cearense nesta segunda-feira portou-se como candidato clássico.



Beijou criancinhas, abraçou idosos, distribuiu sorrisos, foi carregado... Em Juazeiro do Norte, rendeu reverências à estátua de Padre Cícero.



Rendendo-se à crendice, amarrou fitas do santo milagreiro nos pulsos, rabiscou o nome ao pé da estátua, deu três voltas no monumento e fez um pedido.



Serra encomendou o Planalto, diria mais tarde. Em entrevistas, prometeu concluir obras iniciadas sob Lula e repisou a tecla de que vai aperfeiçoar o Bolsa Família.



Na cidade de Barbalha, visitou um hospital para o qual enviara verbas federais à época em que foi ministro da Saúde de FHC.



À noite, Serra fechou a agenda no município de Crato. Foi recepcionado num clube local. Saudou-o um repentista. O candidato animou-se a entoar Luiz Gonzaga.



De madrugada, Tasso pendurou no seu micro-blog uma nota que dá idéia de sua conversão a Serra e da disposição de tocar-lhe a campanha.



O grão-duque do tucanato cearense perguntou se algum de seus seguidores no twitter gravara a cantoria de Serra.



Avaliou o desempenho do candidato-cantor: “Achei muito bom! Além de competente ele é muito bom cantor”.


Em mensagem dirigida a Serra, também pendurado no twitter de madrugada, um internauta ironizou: “Achar José Serra um bom cantor já é demais, senador Tasso”.



Serra viu-se compelido a concordar: “É, menos, Tasso”.



Na hipótese de perder a eleição, Serra pode talvez se anime a tentar a sorte como cantor de churrascaria.

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