Além de fazer de Dilma Rousseff sua sucessora, Lula afirma que projeta para a ministra-candidata uma gestão de dois mandatos.
Ao antever a reeleição de sua presidenciável, Lula rebate a tese de que teria escolhido Dilma de olho num retorno em 2014.
“Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio”, declarou.
Disse mais: “Todo político que tentou eleger alguém manipulado quebrou a cara”.
Lula declarou que, antes não o agradava a idéia do segundo mandato: "Eu achava que poderia ser um desastre”. Agora, acha que quatro anos são insuficientes.
O presidente concedeu entrevista a um grupo de cinco repórteres: Vera Rosa, Tânia Monteiro, João Bosco Rabello, Rui Nogueira e Ricardo Gandour.
Falou num instante em que o PT se prepara para aprovar, em seu 4º Congresso, um projeto de governo a ser levado aos palanques de Dilma.
Deu de ombros para os arroubos esquerdistas da peça: “O partido, muitas vezes, defende princípios e coisas que o governo não pode defender”.
Dito de outra maneira: Para Lula, o eleitor não deve dar muita atenção ao discurso de timbre socialista do PT. Na prática cotidiana da administração, a teoria é outra.
Lula disse descrer da tese segundo a qual Dilma, uma vez eleita, conduziria uma gestão à esquerda da sua.
Em contrapartida, declarou que, prevalecendo na eleição, sua pupila deve imprimir à nova gestão “o ritmo dela, o estilo dela”.
Apesar das reservas, Lula soou como se endossasse o trecho do programa que prevê uma participação maior do Estado na economia:
"O governo tem dois papeis, e a crise reforçou a descoberta deste papel. O governo tem, de um lado, de ser o regulador e o fiscalizador...”
“...Do outro lado, tem de ser o indutor, o provocador do investimento, aquele que discute com o empresário e pergunta por que ele não investe em tal setor".
Mais: "Se a gente não tiver uma empresa [estatal] que tenha cacife de dizer 'se vocês não forem, eu vou', a gente fica refém das manipulações das poucas empresas que querem disputar o mercado...”
“...Então, nós queremos uma Eletrobrás forte, para construir parceria com outras empresas. Não queremos ser donos de nada".
A certa altura da entrevista, o mesmo Lula que diz “não queremos ser donos de nada” defende a criação de “uma megaempresa de energia no país”. Vai entender!
Noutro trecho da conversa, dedicado à montagem dos palanques estaduais de Dilma, Lula revela-se preocupado com os desencontros do PT com o PMDB.
Menciona Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Uma praça em que os dois carros-chefes do consórcio governista ainda não chegaram a um acordo.
Faz uma declaração que deve deixar de cabelos hirtos a turma do PMDB: “Imaginar que Dilma possa subir em dois palanques é impossível”.
Se estiver se referindo apenas a Minas, vá lá. Se o raciocínio for válido também para praças como Bahia e Pará, vai dar chabu.
Ao lado de críticas a FHC, Lula acomoda na entrevista elogios a José Sarney (!!!). Fala do flagelo das enchentes de São Paulo, mas não culpa o tucano José Serra.
Discorre sobre sua proximidade com o controverso colega Marmud Armadinejad: “O Irã não é o Iraque”.
Defende a longeva e atrabiliária gestão-companheira de Hugo Chávez: “Eu acho que a Venezuela é uma democracia”.
E rende homenagens aos céus por não ter sido eleito antes de 2002: “Se eu ganho em 1989, ou fazia uma revolução, ou caía no dia seguinte.”
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
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