sábado, 20 de março de 2010

Sem Fogaça, PSDB endossa ‘recandidatura’ de Yeda

A direção nacional do PSDB decidiu encampar a candidatura reeleitoral da governadora tucana do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius.



Ela dividirá o palanque gaúcho com o virtual presidenciável da oposição, o também tucano José Serra.



A decisão foi tomada há dois dias, numa reunião reservada ocorrida em Porto Alegre. Participaram, além de Yeda, três dirigentes do PSDB federal.



São eles: Sérgio Guerra (PE) e Marisa Serrano (MS), respectivamente presidente e vice-presidente da legenda; e Rodrigo de Castro, secretário-geral.



“A governadora está demonstrando que tem todas as condições de disputar a eleição”, disse ao blog o senador Sérgio Guerra.



Na última pesquisa feita pelo Datafolha, em dezembro do ano passado, Yeda era a lanterninha da disputa, com 5% das intenções de voto.



Às voltas com uma gestão tisnada por escândalos, a governadora estava atrás até mesmo do deputado Beto Albuquerque (PSB) –5% no Datafolha.



Perdia de longe também para os dois líderes da sondagem: Tarso Genro (PT) e José Fogaça (PMDB), empatados em 30%.



Segundo o presidente do PSDB, o partido dispõe de pesquisas que indicariam uma melhoria da situação de Yeda.



“Ela cresceu dez pontos nos últimos 40 dias”, diz o senador. Numa pesquisa telefônica, Yeda teria obtido 15%. Em sondagem presencial, 18%.



Nos subterrâneos, o tucanato negociava uma parceria com o pemedebê José Fogaça, prefeito de Porto Alegre. Porém...



Porém, embora simpático à candidatura presidencial de José Serra, Fogaça teve de dar meia-volta.



O prefeito estabeleceu como prioridade de sua campanha o fechamento de um acordo com o PDT gaúcho.



Fechado com a presidenciável do PT, Dilma Rousseff, o ministro Carlos Lupi (Trabalho), mandachuva do PDT, impôs uma condição.



Para obter o apoio do governista PDT, Fogaça teria tomar distância dos tucanos e de Serra, o presidenciável da oposição.



Embora um pedaço expressivo do PMDB gaúcho prefira Serra a Dilma, Fogaça cedeu às pressões vindas de Brasília.



Assim, não restou ao PSDB senão abraçar-se ao projeto de Yeda. Um projeto que, no dizer de Sérgio Guerra, o o tucanato jamais cogitou abandonar.



Na reunião de dois dias atrás, o tucanato acertou o apoio do PP. Em Brasília, a legenda integra o consórcio partidário que dá suporte congressual a Lula.



No Rio Grande do Sul, o PP decidiu fazer um caminho inverso ao do PDT, associando-se a Yeda. Aguarda-se agora por uma decisão do DEM.



Parceiros do PSDB na campanha nacional de Serra, os ‘demos’ torcem o nariz para Yeda no Sul.



Paulo Feijó (DEM), o vice de Yeda, frequentou o noticiário dos escândalos que assediaram a governadora na condição de denunciante, não de aliado.



Em privado, Yeda argumenta que seu nome já não consta de nenhum procedimento derivado do inquérito que apura desvios de cerca de R$ 40 milhões no Detran-RS.



Alega que, alvejada por CPIs e por um pedido de impeachment, livrou-se também das complicações legislativas. Acha que tem chances de renovar o mandato.



O grosso do tucanato é mais cético do que a governadora. Associa-se a ela, porém, por ausência de alternativa.



O PSDB confia, de resto, que, a despeito da opção feita por José Fogaça, a maioria do eleitorado simpático ao PMDB vai votar em Serra, não em Dilma.



No Rio Grande do Sul, o PMDB é um rival histórico do PT. Na sucessão de 2006, o tucano Geraldo Alckmin prevaleceu sobre Lula no Estado.



Agora, o tucanato afirma que dispõe de pesquisas que indicariam uma dianteira de mais de dez pontos percentuais de Serra sobre Dilma, no Rio Grande do Sul.



Nesse cenário, o suporte a Yeda é visto como um detalhe que não irá comprometer o desempenho de Serra nas urnas gaúchas. A ver.

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