quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Na bica de virar candidato, Serra eleva o piso salarial

A 51 dias de trocar a cadeira de governador pelo palanque, José Serra reajustou o salário mínimo regional pago aos trabalhadores de São Paulo.



O reajuste foi de 10,89%, maior do que o aumento de 9,68% que Lula concedera ao salário mínimo nacional.



No resto do Brasil, o mínimo passou de R$ 465 para 510. Em São Paulo, onde há três faixas salariais, a coisa ficou assim depois do aumento:



A faixa mais baixa passou de R$ 505 para R$ 560. A intermediária, de R$ 530 para R$ 570. E a mais foi de R$ 545 a R$ 580.



Pelas contas de Serra, o reajuste vai beneficiar algo como 1 milhão de trabalhadores. “É uma medida que tem um alcance social muito importante", jactou-se.



Comparou-se a Lula: "Com relação ao mínimo nacional, o piso do Estado, que é o salário mínimo estadual, está R$ 50 acima com relação ao novo salário mínimo”.



Os repórteres fizeram a Serra a pergunta óbvia: O reajuste teve inspiração eleitoral?



E o presidenciável tucano: "Nada a ver, não estamos em uma gincana. Estamos governando".



Antes que Serra subisse ao palco para anunciar a boa nova, a Secretaria de Emprego distribuíra aos repórteres um documento de conteúdo curioso.



No texto, informava-se que o mínimo paulista seria tonificado em 8,90%. Abaixo, portanto, dos 9,68% servidos por Lula ao resto do país.



Ao trazer à luz o percentual maior (10,89%), Serra negou que a mudança resultasse de uma mexida de última hora:



"Digitaram para a imprensa com o cenário errado", disse o governador-candidato. Segundo ele, a coisa já estava decidida há mais tempo.



O governo paulista adotou neste ano da graça das eleições um critério distinto: em vez de levar em conta a variação do PIB brasileiro, serviu-se do PIB paulista.



Daí o percentual mais generoso. Serra esmerou-se na comparação: "No ano retrasado (2008), a economia paulista cresceu mais que a nacional".



Em Brasília, reajuste do auxílio-alimentação de 514 mil servidores públicos. Em São Paulo, aumento do mínimo.



O eleitor deve estar perguntando aos seus botões: por que diabos não fazemos eleições todos os anos no Brasil?

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