Ao defender nesta terça-feira o estilo "mais discreto" adotado pela Polícia Federal no final de sua gestão, o ministro Tarso Genro (Justiça) disse que a instituição não trabalha para nenhum partido político. Tarso disse que, mesmo diante de escândalos políticos ou de partidos "depositários da moral" --como o PT--, a instituição não pode agir politicamente.
"O PT se colocava como depositário de toda moral da humanidade. É natural que fosse mais cobrado ao chegar ao governo. Então, a espetacularização da Polícia Federal era comemorada. Ao mesmo tempo que o PT caiu na realidade e aprovou um novo código de ética, reconheceu que tem que ter meios de controle muito mais fortes", afirmou.
Tarso disse que as ações da PF no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva eram mais "espetaculares" porque a sociedade fazia cobranças ao novo governo do PT --que acabou sofrendo mudanças porque o partido "caiu na realidade".
O ministro afirmou que, à medida que a Polícia Federal se tornou mais "republicana", começou a incluir nas suas ações espetaculares outros partidos políticos e banqueiros --o que irritou a opinião pública.
"Ela já era espetacularizada há mais de dois anos, mas não era criticada. Aí normatizamos: ou a espetacularização era para todos ou para ninguém. Os policiais não trabalham para o PT, para o DEM, mas para o Estado."
Mesmo diante de escândalos como o suposto mensalão do DEM no governo do Distrito Federal, Tarso disse que a PF tem o dever de trabalhar de forma isenta. "Às vezes, a indignação nossa é tão grande que, em determinados fatos, achamos que a Polícia Federal podia entrar e prender todo mundo. Mas isso abre um precedente para o futuro. No Estado democrático de direito, as ações têm limite", afirmou.
Tarso não quis comentar detalhes da Operação Caixa de Pandora, da PF, que descobriu o suposto esquema de pagamento de propina a deputados distritais por integrantes do governo do DF.
Na opinião do ministro, a maior conquista da Polícia Federal foi unificar suas ações, sem viés político. Tarso reconheceu que muitos avanços na instituição foram conquistados durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas disse que coube ao governo Lula incrementá-la financeiramente.
O ministro disse ser contrário à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que proibiu o uso abusivo de algemas nas prisões, mas disse que a decisão deve ser respeitada e aplicada em todo o país.
Divergências
Tarso reconheceu que, nos três anos em que esteve no Ministério da Justiça, manifestou posições divergentes às do STF --mas nem por isso deixou de respeitar o presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes.
"Tivemos muitas opiniões divergentes, mas que não tiraram o respeito recíproco e a colaboração que tivemos nesse período", afirmou.
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