terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Manobra de Arruda adia pela 4ª vez eleição do novo presidente da CPI da Corrupção

A manobra do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), de reforçar sua base aliada na Câmara Legislativa com a saída do secretário de Habitação, Paulo Roriz, adiou pela quarta vez a eleição do novo presidente da CPI da Corrupção, criada para investigar o esquema de corrupção que envolve o governo local.

O retorno de Paulo Roriz à Câmara Legislativa foi provocado pelo afastamento do deputado Geraldo Naves (DEM) da Casa. Na semana passada, Naves confirmou que entregou ao jornalista Edson dos Santos, o Sombra, um bilhete escrito pelo governador. Segundo Sombra, que é uma das testemunhas do esquema de propina, o bilhete faria parte de uma tentativa de suborno comandada por Arruda.

O conselheiro do Metrô, Antonio Bento da Silva, foi preso pela Polícia Federal quando tentava realizar o suborno. Naves negou que o bilhete tivesse relação com o suborno e foi acusado pelos advogados de Arruda de ter tirado o bilhete da mesa de trabalho do governador sem autorização.

A expectativa é de que Paulo Roriz fique com a presidência da CPI. O líder do PT, deputado Paulo Tadeu, único representante da oposição na comissão, também deve apresentar sua candidatura ao cargo-chave. A data da eleição não foi definida.

A comissão ainda enfrenta problemas para preencher outra vaga que foi aberta com a saída da deputada Eliana Pedrosa (DEM). Ex-secretária de Arruda --que voltou ao Legislativo local após a crise--, a deputada deixou a CPI para dar mais "transparência" às investigações.

A vaga de Eliana pertence ao PMDB, mas, como três peemedebistas estão entre os parlamentares suspeitos de participação no esquema de corrupção, o partido ainda não indicou representante. Sem o nome do partido, o presidente da Câmara, Wilson Lima (PR), deve fazer a indicação.

Novas denúncias

O presidente em exercício da CPI, deputado Batista das Cooperativas (PRP), afirmou nesta terça-feira que a denúncia de que parlamentares da oposição estariam sendo monitorados por policiais civis de Goiás também deveria ser alvo de investigação na comissão. A suspeita é que eles estariam atuando a mando de pessoas ligadas ao governador.

"Acho que algumas situações deixaram o cenário político mais complexo. Não temos ainda os fatos que comprovam a monitoração de parlamentares nessa Casa por parte de policiais civis de Goiás, mas se forem confirmados precisamos investigar. Tenho pregado que não podemos ter ingerência de Poder algum nesta Casa. Temos que apurar todos esses fatos, mas temos que ter subsídios sobre isso", disse.

O relator da CPI, Raimundo Ribeiro (PSDB), disse que a suposta espionagem não surpreende. "Eu tenho até um dado novo. Meu gabinete recebeu a visita de uma pessoa com todos os indícios de que estava lá para grampear. Ele deixou evidências. E vamos apurar isso."

Paulo Tadeu sugeriu ainda que Sombra seja chamado à CPI para dar explicações sobre a suposta tentativa de suborno.

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