quinta-feira, 25 de junho de 2009

CPI da Petrobras x DNIT.

O consórcio partidário que dá suporte a Lula no Senado ganhou um novo pretexto para sepultar a CPI da Petrobras.
Na noite desta quarta (24), foi lido no plenário do Senado o pedido de criação de outra CPI, dessa vez para investigar suspeitas de malfeitorias no DNIT.
O autor do requerimento, formalizado diante de um plenário vazio, é o senador Mario Couto (PSDB-PA).
Surpreendida, a bancada governista tomou o gesto como uma provocação do tucanato. E decidiu providenciar os funerais da comissão da Petrobras.
Eis o que disse ao blog Aloizio Mercadante (SP), líder do PT: “Morreu qualquer perspectiva de entendimento sobre CPIs...”
“A oposição havia pedido um amistício. No instante em que caminhávamos para um acordo, eles aproveitaram uma sessão esvaziada e criaram outra CPI...”
“...Isso não é comportamento de quem deseja descontaminar o ambiente. Sendo assim, não tem mais acordo”.
O pedido para investigar o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) já havia sido protocolado na Mesa do Senado há três meses.
Porém, antes que o requerimento fosse lido em plenário, o governo convencera aliados que haviam assinado o documento a retirar suas rubricas.
O tucano Mario Couto não se deu por vencido. Na surdina, coletou novas assinaturas. Colecionou 29, duas além do mínimo necessário.
Informado acerca da ressurreição do requerimento, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), autorizou que fosse enviado ao plenário.
Dera-se coisa semelhante no caso da CPI da Petrobras, lido numa manhã de sexta-feira, também diante de um plenário ermo.
Antes da nova encrenca, esboçava-se um acordo para que a investigação da Petrobras fosse finalmente iniciada na próxima terça-feira (30).
Funcionaria assim: o líder tucano Arthur Virgílio (AM) devolveria ao governista Ignácio Arruda (PCdoB-CE) a relatoria da CPI das ONGs.
E a bancada do governo levantaria a obstrução que trava a instalação da comissão da Petrobras, que começaria a andar na semana que vem.
Um detalhe tonificou a irritação de Mercadante. Pela manhã, ele participara de um debate televisivo com o presidente do PSDB, Sérgio Guerra.
Depois, avistara-se no Senado com Arthur Virgílio. “Nenhum dos dois me disse nada sobre CPI do DNIT”, queixa-se Mercadante.
Segundo o seu relato, Sérgio Guerra mencionou apenas o acordo que se prenunciava em relação à Petrobras. Daí o abespinhamento do líder petista.
“ Na disputa parlamentar, há regras mínimas de concivência. Os parlamentares costumam comunicar as atitudes que vão tomar...”
“...Não pode pegar uma sessão esvaziada e criar um fato como esses. É a segunda vez que o PSDB age dessa maneira. É inaceitável”.
Mais cedo, antes mesmo de o tempo fechar, Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do pedido de CPI da Petrobras, escalara a tribuna.
Dissera que, se necessário, a oposição bateria às portas do STF para obter o “direito” de investigar a CPI.
Na conversa com o repórter, Mercadante deu de ombros: “O Supremo não vai suprimir o nosso legítimo direito à obstrução”.
Num aparte a Álvaro Dias, o líder do DEM, José Agripino Maia (RN) avisara: se a CPI da Petrobras não for instalada, a oposição vai bloquear o plenário.
De novo, Mercadante desdenhou: “Eles fazem obstrução permanente. A gente dá o quorum e acaba aprovando os projetos que precisam ser aprovados”.
Como que decidido a reforçar a decisao de mandar às calendas a investigação da Petrobras, Mercadante cutuca:
“Se a oposição está tão interessada em CPI, deve fazer a CPI da Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul; a CPI do Beto Richa, em Curitiba; e a CPI do caso Alstom, em São Paulo...”
“...Feito tudo isso, a gente pode pensar em retomar o diálogo sobre a CPI da Petrobras. Ah, sim, precisa também desobstruir a CPI da CDHU”.
Mercadante se refere a uma comissão de inquérito aberta na Assembléia Legislativa de São Paulo por iniciaitva do PT.
Destina-se a escarafunchar a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urnano), órgão do governo José Serra.
“Nesse caso, a CPI está aberta, mas o PSDB se vale da maioria que tem na Assembléia para bloquear a aprovação de todo e qualquer requerimento...”
“...Fazem uma obstrução permanente. Uma evidência de que trabalham com dois pesos e duas medidas...
“...Por que a obstrução é legítima no Rio Grande do Sul, no Paraná, em São Paulo e não seria legítima em Brasília?”

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