quarta-feira, 22 de julho de 2009

Petrobras contratou firma com sede em canil

A Sibemol Promoções e Eventos, que declara como seu endereço o local onde funciona um canil, recebeu da Petrobras no ano passado R$ 4,2 milhões. Ao todo, a família dona da Sibemol e de duas outras empresas embolsou R$ 12,5 milhões da estatal em 2008, em contratos fechados sem licitação.
Os projetos foram escolhidos e autorizados pelo então gerente de comunicação da área de Abastecimento, Geovane de Morais. Conforme a Folha revelou no mês passado, ele foi demitido no começo deste ano por justa causa por suspeitas de desvio de recursos, entre outras irregularidades.
Há casos de serviços pagos por Morais e não prestados. Ele gastou em 2008 R$ 120 milhões a mais do que previsto no orçamento de sua área, sem autorização formal.
A Petrobras informou que ainda está analisando se há irregularidades nos contratos com a Sibemol e as outras duas empresas da família Brandão. A estatal acrescentou que enviou o caso de Morais ao Ministério Público Federal e à Controladoria Geral da União.
Raphael de Almeida Brandão, seu irmão, Luiz Felipe, e a mãe deles, Telma, são donos da Sibemol, da R.A. Brandão Produções Artísticas e da Guanumbi Promoções e Eventos. Eles não foram localizados pela Folha ontem.
Com sede no Rio de Janeiro, as três empresas foram contratadas pela Petrobras para prestar serviços variados, como apoio a projeto social em Minas Gerais, festival de cinema em Friburgo (RJ), locação de mobiliário em evento em Mossoró (RN) e serviços de produção de Carnaval em Salvador.
Conforme o jornal "O Globo" revelou ontem, no endereço declarado pela Sibemol funciona um canil onde há 60 cachorros, além de 200 gatos. As outras duas empresas não funcionam nos endereços informados à Receita Federal.
Os contratos com as empresas dos Brandão assim como os demais projetos autorizados por Morais foram objeto de duas sindicâncias na Petrobras.
A primeira apuração concluiu que o ex-gerente havia desrespeitado normas de contratação e de gastos. Outra comissão apontou indícios de desvio de recursos. A Petrobras decidiu pela demissão de Morais, mas ainda não efetivou o desligamento por ele estar de licença médica desde o final do ano passado.
Morais é ligado ao grupo político petista oriundo do movimento sindical de químicos e petroleiros da Bahia.

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