terça-feira, 23 de junho de 2009

Garotinho filia-se ao PR e oferece ‘palanque’ a Dilma

Em passado recente, o eleitor tinha de fazer meia dúzia de raciocínios transcendentes para entender o universo da política.
Tinha de decidir, por exemplo, se a social-democracia responderia às dúvidas que o socialismo foi incapaz de responder...
...Se a ética da responsabilidade prevaleceria sobre a ética da convicção, se isso, se aquilo.
Hoje, a coisa é bem mais simples. Figuras como Karl Marx e Max Weber tornaram-se descartáveis.
Falidas as ideologias, o templo da política consolidou-se como uma congregação de homens de bens.
Vigora nas relações entre os partidos a lógica do negócio. Tudo está subordinado a ela, inclusive os escrúpulos.
Nesta segunda (22), o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, filiou-se PR. Será, de novo, candidato a governador.
Como o PMDB, seu antigo partido, vai às urnas com Sérgio Cabral, Garotinho trocou de legenda. Trocou também de discurso.
Antes, desancava Lula. Agora, desfralda a bandeira branca. Oferece seu palanque à presidenciável oficial, Dilma Rousseff.
Incoerência? Não para Garotinho. Na política, disse ele, "tudo pode e vai mudar".
Lembrou que o ex-tucano Eduardo Paes, hoje prefeito do Rio pelo PMDB e aliado de Lula, fizera ataques pessoais ao filho do presidente no passado.
Garotinho acrescentou: “Eu e Lula, que já fomos grandes amigos, tivemos problemas políticos e nos separamos. Acredito que tudo pode e vai mudar".
Sobre Dilma, disse: "Ela tem tudo para ser a minha candidata. Desde que ela deseje o nosso palanque no Rio de Janeiro, será o palanque dela".
Se fosse possível tirar um retrato da alma de Garotinho, a imagem evidenciaria que, em política, o cinismo também pode ser uma forma de resignação.
Garotinho é um político que é a favor de tudo e visceralmente contra qualquer coisa. Desde que ganhe a chave do cofre.

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