terça-feira, 27 de abril de 2010

Dilma reduz viagens para privilegiar ‘treino de mídia’

Sem alarde, o quartel general de Dilma Rousseff alterou os planos de campanha da candidata de Lula.



Decidiu-se reduzir, nas próximas semanas, o ritmo das viagens. O tempo livre será usado para aumentar o número de sessões de treinamento da candidata.



Dá-se a essas sessões um nome expresso em língua inglesa: “Media training”.



Consiste em treinar a candidata para extrair de seus contatos com jornalistas o máximo proveito, reduzindo o risco de gafes.



O treino inclui entrevistas simuladas, além da análise pormenorizada das manifestações da candidata.



Comum nas grandes empresas, o treinamento é conduzido, no caso de Dilma, pelo marqueteiro João Santana e por especialistas contratados por ele.



A candidata do PT já vinha sendo submetida ao "adestramento" midiático. Decidiu-se, porém, intensificar o aprendizado.



Avalia-se internamente que, a despeito da evolução da candidata, seu desempenho está, ainda, longe do ideal.



Essa avaliação, como já noticiado pelo repórter Valdo Cruz, é compartilhada por Lula. Daí a ideia de submeter Dilma a um “intensivão”.



Os especialistas que assessoram Dilma analisam junto com a candidata as entrevistas que ela concede às emissoras de rádio e TV.



Depois, ensinam técnicas para “limpar” o discurso. Persegue-se a frase curta, clara, livre de cacoetes. Busca-se o raciocínio redondo, com começo meio e fim.



Parte-se do pressuposto de que Dilma, habituada a conduzir reuniões técnicas, tem de ajustar o discurso do grau médio de compreensão do eleitor leigo.



Dilma continuará concedendo entrevistas em profusão. Nesta segunda (26), falou à Rádio Brasil Sul, de Londrina (PR).



Realçou programas da gestão Lula. A certa altura, disse que não é “uma política tradicional”. Porém...



Porém, “o fato de eu ter participado nos últimos cinco anos e meio da coordenação de todos os programas de governo [...] acho que me credencia" (ouça trechos).





Um dos integrantes do comitê de Dilma disse ao blog que não há crise na campanha oficial nem ansiedade com o desempenho da candidata.



Ao contrário. Considera-se natural que Dilma, neófita em campanhas políticas, atravesse uma fase de “aprendizado”.



Afirmou que as principais entrevistas de Dilma são acompanhadas por grupos de eleitores, em pesquisas qualitativas.



Os resultados revelariam boa aceitação do discurso. De resto, disse o operador da campanha petista, o rival José Serra também vem cometendo os seus equívocos.



Mencionou as frases do candidato tucano sobre o Mercosul. Deixaram no ar, segundo ele, a impressão de que Serra, se eleito, acabaria com o mercado comum.



Citou também a comparação, a seu ver “esdrúxula”, da união entre Lula e Dilma com a malfadada parceria entre Paulo Maluf e Celso Pitta.



Imagina-se que, até junho, Dilma estará “afiada”, pronta para o debate direto com o rival Serra. A conferir.

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